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Cartilha Suprimentos

Qualidade em Suprimentos

A tendência por controles ainda mais rigorosos continua aumentando.

Refletindo sobre as mudanças na gestão da qualidade ao longo das últimas décadas, percebemos que vivenciamos uma verdadeira revolução nos processos de suprimentos. Para implementar esta gestão junto aos seus fornecedores, os compradores aprenderam e aplicaram diversas iniciativas de gestão da qualidade, tais como as Sete ferramentas para Analise e Solução de Problemas (ASP), Controle Estatístico de Processos (CEP), Círculos de Controle de Qualidade (CCQ), Gerenciamento Total da Qualidade (TQM), Demanda puxada (JIT), Certificações ISO-9000 (e similares) e Gestão à vista, entre outras.

 

Todo este processo de gestão (PDCA) sobre as não-conformidades inbound foi baseado na determinação de indicadores de desempenho, metas e tolerâncias, medições e identificações de desvios, bem como na intervenção imediata com ações corretivas e preventivas para ajuste dos processos, que inclui a exigência de formalizar planos de melhorias, certificações de procedência e auditorias nos fornecedores, o que possibilitou resultados efetivos, de forma que a qualidade conforme especificação se tornou uma propriedade intrínseca dos produtos.

 

Ainda assim, este processo de melhorias não mostra evidências de acomodação, e mais instrumentos para analises (Six sigmas) e controle internos (Lei Sarbanes-Oxley, ou SOx) se fazem presentes. Já estamos entrando em uma nova década, aonde os controles sobre suprimentos se tornarão ainda mais rigorosos e menos tolerantes. Será o fim dos “jeitinhos”!

 

O fato é que já havia diversas iniciativas para incrementar os mecanismos de governança corporativa, mas no final de 2001 o alerta foi disparado após uma série de escândalos (Enron, WorldCom e outras) envolvendo manipulações contábeis, fato este que abalou o valor de empresas sólidas e confiáveis.

 

Enfim, a SOx foi publicada em julho de 2002 com a finalidade de restaurar a confiança dos investidores nos mercados abertos americanos. Esta lei hoje alcança diretamente as empresas norte-americanas e aquelas que comercializam papéis nas bolsas dos Estados Unidos, com o objetivo é restaurar o equilíbrio do mercado por meio de mecanismos que assegurem a responsabilidade da alta administração da empresa com relação a confiabilidade da informação por ela fornecida. Observe, no entanto, que será apenas uma questão de tempo para que seus desdobramentos alcancem inumeros fornecedores destas empresas, ao redor do mundo todo.

 

Na prática de suprimentos, a SOx já esta afetando contratos de garantias e ativos transferidos, em poder de terceiros. É o caso de produtos em poder de operadores logísticos, compromissos de compra ou praticas de Vendor Management Inventory (VMI), que formalizam acordos sobre posse e propriedade efetiva e o fato gerador da transação. Quanto ao controle de documentos e de contas a pagar, são exigidas praticas que asseguram a acurácia das informações dos processos de compras, tudo isto comprometendo os compradores, que têm que prestar constas sobre seus atos e decisões.

 

A governança sobre os cadastros, em termos de identificação, especificação, classificação inequívocas dos materiais se tornou crítica; Idem aos processos de aprovações dos pedidos de compras, quantidades e tolerâncias. Mecanismos apropriados para controle e rastreabilidade das matérias-primas a caminho, reporte do progresso e do desempenho, divergências e ajustes no recebimento, bem como controle no cumprimento dos Acordos sobre Nível de Serviço (ANS).

 

Alias, para acompanhar a experiência do usuário e aperfeiçoar seu atendimento, entre os modernos indicadores gerenciais se sobressai este último, o Acordo sobre o Nível de Serviço (ANS), ou como também é conhecido, Service Level Agreement (SLA). O ANS é o resultado da negociação sobre o atendimento esperado entre as partes envolvidas, e especifica contratualmente as exigências e obrigações dos fornecedores, para com os usuários ou clientes finais, prevendo penalidades quando estes requisitos deixam de ser cumpridos.

 

Este indicador é particularmente interessante para ambas as partes, compradores e fornecedores, primeiro porque envolve a obrigatoriedade de se medir objetivamente o serviço prestado pelo fornecedor, viabilizando feedback imediato aos envolvidos. Quando satisfatório, o ANS demonstra o compromisso do fornecedor com a qualidade do serviço oferecido, abrindo oportunidades para mais negócios. Quando ocorrem não-conformidades, a contabilização das multas sensibiliza todos os envolvidos com a importância de uma ágil readequação. A questão aqui não é se ocorrerão ou não problemas, mas o que realmente conta no relacionamento é como os fornecedores reagem quando ocorrem estes problemas.

 

Na gestão da qualidade nos suprimentos, diversos indicadores são empregados para uma visibilidade do quadro geral. Para envolver e comprometer os fornecedores muitas empresas publicam periodicamente uma cesta de indicadores, chamada de Índice de Desempenho do Fornecedor (IDF), combinados através de pontos ponderados, como ilustra a figura. Há casos em que os melhores resultados compartilham suas técnicas entre parceiros, assegurando reciprocidades e, entre os piores, desqualificações e substituições.

 

O tema gestão de riscos – que ainda será abordado nesta série - também ganhou maior destaque com a SOx, bem como os relacionamentos dos compradores com terceiros, assegurando que suas decisões sejam consistentes, com relações estáveis e contratos executados sempre conforme acordados. Se um terceiro sofre uma ruptura de atendimento, a empresa deve identificar e atenuar este risco, não apenas para si própria, mas também para os demais envolvidos. O mesmo ocorre com relação aos riscos de ataques terroristas, por exemplo. Desta forma, passou a ser exigido que sejam elaboradas lições aprendidas das não-conformidades e planos de contingências e recuperação, bem como controles para estas operações logísticas.

 

Enfim, com um futuro cenário mais exigente e rigoroso com o exposto, você e sua empresa precisam avaliar com cuidado como deverão formalizar seus processos e disciplinar seus colaboradores e fornecedores para compatibilizá-los com os desafios da próxima década.

 

Boa sorte nesta empreitada!

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