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Profissões da logística
Cartilha SCM

Tendências para integrar o SCM

Perguntamos ao oraculo o que nos aguarda, e eis algumas conjecturas...

Com o presente artigo estamos encerrando esta série sobre planejamento na cadeia de abastecimento. A proposta é reprisar os conceitos e técnicas que abordamos ao longo do ano, procurando identificar aqui alguns vetores que provocarão as futuras mudanças na logística.

 

Processo de Planejamento

 

O primeiro artigo abriu o tema relacionando os princípios do processo de planejamento. No segundo artigo abordamos o processo de planejamento estratégico (PE), composto de uma visão empresarial, diagnóstico, objetivos, premissas, estratégias e o plano diretor no contexto da logística. Como a prova do tempo demonstrou que esta metodologia de PE se consagrou, já estão surgindo ferramentas de ERP e business inteligence que nos possibilitem detalhar o plano do negócio da empresa e desenvolver orçamentos simulados através de modelos dinâmicos. Quem viver, verá.

 

Planejamento tático

 

Foi no terceiro artigo que tratamos do planejamento tático, aquele que compete ao gestor do SCM, como desdobramento do PE, através de três destaques:

(a) No mapeamento da malha logística vimos como elaborar e analisar o fluxo físico dos materiais, também conhecido como value stream mapping (VSM). Neste sentido, deverão prosseguir as terceirizações e fusões entre empresas (pequenas, médias e grandes), visando redução de custos logísticos; Também podemos esperar novas ferramentas para modelagem e simulação de mudanças através de modelos dinâmicos.

(b) Em termos do organograma, mostramos que esta ferramenta serve para comunicar quem será designado como responsável em administrar quais atividades logísticas. As tendências indicam que haverá maior esforço em formalizar responsabilidades, bem como os perfis requeridos para capacitar os profissionais, conforme recomenda a ISO 10015. Quando tentamos olhar para o futuro e imaginar qual será o perfil requerido, o que nos aparece de diferente? As habilidades em computação, análise, concepção, negocação e línguas continuarão sendo muito requisitadas. Mas além do inglês e espanhol, logo será necessário boas noções de mandarim. Viajar contribui para uma compreensão mais holistica das diferenças culturais, e será ainda mais importante para despertar a sensibilidade sobre as sutiliezas de cada mercado, para aqueles cujos produtos apresentam alcance internacional. Naturalmente que reciclagem e o treinamento dos colaboradores serão ainda mais necessários, mas prevemos que com o tempo haverá incremento na demanda por certificações profissionais, na medida em que nos envolvemos com mais e mais empresas e projetos.

(c) Em termos do processo S&OP, veremos sua crescente popularização nas empresas, que deverão incorporar a revisão dos indicadores de desempenho estratégicos e, em um estágio mais avançado, o envolvimento de parceiros neste processo de forma colaborativa. Também deverá haver maior empenho na formalização de políticas logísticas para sistematizar o S&OP.

 

Ferramentas de planejamento

 

Quando estas ferramentas foram tratadas - no quarto artigo - sugerimos que estamos progredindo, e alcançando os estágios de colaboração e sincronização. Em termos de comunicação, o futuro nos brindará com a popularização de "conduites" e "integration brokers" que possibilitam sincronizar dados entre soluções informatizadas, o que deve revolucionar a integração entre diferentes sistemas.

Os novos métodos de previsão e melhorias na visibilidade de toda a cadeia, com mais informações compartilhadas - através do CPFR, por exemplo - devem melhorar significativamente os processos de previsão da demanda, no entanto cadeias mais complexas (globais) devem incrementar as incertezas. Assim, a pressão pela agilização dos processos de manufatura e logística continuará muito forte, e diversas estratégias de previsões mensais ou semanais serão substituídas por reposições diárias.

Apesar dos avisos alarmistas sobre novas bolhas nos negócios baseados na Internet, acreditamos que continuará crescente o impacto do comércio eletrônico, criando disponibilidade de atendimento 24 horas/dia, 7 dias por semana. A automação do atendimento no e-commerce oferecerá maior customização em massa, de forma que será preciso continuar investindo na agilização dos processos, pois os clientes continuarão ansiosos e exigentes, ainda mais com sites para registro de queixas podendo macular a imagem das empresas.

Para efetivar a resposta ágil, deveremos empregar mais frequentemente o postponement, isto é, adiamento da montagem e/ou qualquer complementação do produto, até que o consumidor efetivamente o solicite; A agilização e sincronização terão de ser baseada nos gargalos e regras muito mais elaboradas e inteligentes, viabilizando os APS; Softwares de supply chain event management (SCEM) viabilizarão maior intervenção automatizada sobre os processos; Grandes operadores logísticos on-demand responderão às necessidades de seus clientes assim que estas forem declaradas. Os armazéns serão responsáveis por serviços agregados: embalagens especiais aos clientes, exigências de identificação e fixação de etiquetas com preços, entre outros.

Em termos do gerenciamento do ciclo de vida dos produtos, para gerenciar as versões e a rastreabilidade conforme cresce a customização em massa, mais funcionalidades de gerenciamento do ciclo de vida se farão necessárias, viabilizando as soluções PLM.

A gestão dos estoques será modernizada através de sistemas que possibilitarão o dimensionamento dinâmico dos estoques, conforme se alteram as estatísticas de demanda e/ou da oferta. Os sistemas WMS programarão o processo de inventário rotativo, controlarão as atividades dos recursos e endereçarão os materiais nos depósitos de forma inteligente.

Quanto ao gerenciamento de suprimentos, tudo aponta para negociações estratégicas privilegiando relacionamentos colaborativos, enquanto commodities serão mais e mais negociadas por comercio eletrônico, promovendo melhor atendimento e menores custos de aquisição. Também devem melhorar os sistemas de gerenciamento de contratos, através dos protocolos logísticos (SLA).

 

Padrão Descritivo de Materiais

 

No quinto capítulo vimos a importância do PDM na identificação inequívoca dos materiais como fundamento da administração logística. A tendência é que os usuários serão mais assertivos em suas especificações quanto aos requisitos logísticos; Haverá melhorias na administração da proliferação de SKUs através do saneamento do portfolio. Ainda assim, o mesmo produto será embalado para diferentes mercados, diferentes idiomas e até para consumidores específicos. Assim, podemos inferir que o PDM irá ganhar progressivamente mais e mais interesse, na medida em que precisamos integrar os inúmeros cadastros entre parceiros logísticos. Nestes tempos em que ainda estamos organizando manuais PDM, protocolos de comunicação e sistemas de categorização, tais como RFID, ePC e UNSPSC e MDMS, a sincronização de informações cadastrais será um destes desafios que teremos que resolver ainda nesta década.

 

Gerenciamento da execução

 

Tratamos no sexto artigo dos elementos relevantes para o gerenciamento dos processos logísticos, conforme foram planejados. Certamente, a primazia da tecnologia da informação esta agilizando os processos. No entanto ainda há muito para evoluirmos, conforme são incrementados os recursos tais como identificação, sistemas sem uso de papéis, transponders, leitura rápida, reconhecimento da voz, rastreamento, posicionamento global, biometria, dispensores, mobilidade (PDAs), tecnologias de rádiofrequencia e telecomunicação e transmissão eletrônica de dados (XML), tornando-a onipresente.

No sétimo artigo resumimos a metodologia de gerenciamento de projetos, bem como os principais instrumentos para implementar as mudanças na logística. Percebemos que mais profissionais de logística estão se interessando por gerenciamento de projetos, e aplicam as técnicas recomendadas no PMBoK, aumentando a probabilidade de sucesso nestes empreendimentos. Aparentemente esta abordagem até contribuiu para que alguns profissionais de logística estejam aperfeiçoando suas habilidades de comunicação, aprendendo a utilizar técnicas de apresentação, mapas mentais, técnicas de reuniões produtivas e lições aprendidas, entre outras.

 

Controle

 

Quando abordamos as técnicas de acompanhamento dos processos, mostramos que as empresas já perceberam a importância do principio da visibilidade. As exigencias por maior governança empresarial, estimuladas pela Lei Sarbanex-Oxley e Basiléia II forçaram as empresas em estruturar maiores controles e uma logística mais resiliente. O aumento da visibilidade dos processos logísticos deverá ocorrer através da popularização das técnicas de gestão à vista, bem como softwares de Decision Suport Systems, tais como o Pilot ou o Crystal Xcelsius. Mais modelos de abordagens estruturadas - tais como BSC e SCOR – devem surgir ou se aprimorar. Veremos a popularização de indicadores sistêmicos, tais como pedido perfeito, cash-to-cash e custo logístico total.

Quando tratamos dos trade-offs logísticos apresentamos uma metodologia simples para a tomada de decisões. O que vem por ai são softwares que auxiliarão esta metodologia, possibilitando avaliar as alternativas, simular possíveis resultados e consequências, agregando subsídios ao processo.

Em termos de gerenciamento de riscos, foi no décimo artigo que definimos a logística resiliente, propondo iniciativas para não ser surpreendido pelos cruéis Murphys. O fato é que no presente momento poucas empresas já redigiram seus planos de contingências e continuidade operacional, pressionadas pelas exigencias de maior governança e segurança, tais como recomendadas pela ISO 27000; Este processo ainda não se popularizou, mas é fácil perceber que é outra tendência crescente.

 

Conclusão

 

Com estas possibilidades e especulações que acrescentam algumas esperanças de mudanças positivas na gestão da cadeia de abastecimento - encerramos mais uma série - esperando ter contribuido com algumas idéias inovadoras para nossos leitores.

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